CPTM unifica linhas 7 e 10 em novo serviço chamado “Serviço 710”.
- Homero Rocha
- 10 de mai. de 2021
- 5 min de leitura
Atualizado: 22 de jun. de 2021

No dia 4 de maio de 2021, entrou em vigor uma “novidade” na operação da CPTM: a partir desta data, as linhas 7-Rubi e 10-Turquesa passaram a comportar-se como uma única, chamada de “Serviço 710”. Basicamente, esta linha aproveita parte do traçado ainda existente da antiga EFSJ (Estrada de Ferro Santos-Jundiaí) para conectar Jundiaí a Rio Grande da Serra de forma direta, sem que o passageiro precise trocar de trem no Brás.
As viagens diretas de passageiro entre Jundiaí e Rio Grande da Serra, na verdade, não são nem de longe uma novidade. Entre 1867 e 1992, diversos trens, inclusive alguns icônicos, como a série 1100 (antiga série 101 da EFSJ), a série 1400 (antiga série 401 da EFSJ), e o histórico trem apelidado de Cometa, da São Paulo Railway, trafegaram pelos primeiros trilhos que cortaram o centro da capital paulista e trouxeram o progresso para o estado.

Série 9500
Além de nos destinos, os passageiros também perceberam mudanças em outros aspectos das linhas. Por exemplo, muitas pessoas que embarcaram em alguma estação da linha 10-Turquesa viajaram em trens da série 9500, antes exclusiva da linha 7, e perceberam que os trens desta frota tinham free gangway (passagem livre entre carros), algo que os trens da linha 10 não tinham. Além disso, passageiros da linha 7-Rubi também puderam testemunhar o retorno dos trens da série 7000 e o início da operação da série 7500 no ramal. Outra mudança significativa foi o tempo de viagem: com a eliminação da parada final em Brás nas duas linhas, o tempo de viagem entre as duas extremidades passou a ser de, aproximadamente, 2 horas.

Série 7000 na linha 9
Porém, apesar de ter pontos positivos, como a redução do tempo de viagem e a frota 9500, que tem free gangway e maior espaço interno, algo essencial em tempos de pandemia, o novo serviço apresenta uma falha significativa: devido à falta de sinalização correta nas estações, com exceção de Luz e Brás, que receberam as novas placas de destino, os passageiros acostumados com duas linhas separadas ficaram confusos, o que causou certa desordem no embarque e no desembarque, uma vez que muitas pessoas embarcaram em um sentido oposto ao de seu destino e tiveram de retornar.
Sobre a carência de comunicação visual adequada na nova linha, bem como a confusão feita por passageiros que estavam acostumados com duas linhas separadas e, por não se atentarem às novas placas de destino das estações Luz e Brás, acabaram embarcando no sentido errado, a CPTM se posicionou, afirmando que, devido ao fato de ser algo recente, é normal que o novo serviço tenha problemas e cause confusão nos passageiros, mesmo que a companhia o tenha anunciado por meio de suas redes sociais e do sistema de áudio das estações. Além disso, a estatal também anunciou que, com o passar do tempo, a sinalização de todas as estações será atualizada, porém que, neste primeiro momento, de adequação e ajuste do novo serviço, a prioridade é daquelas paradas que recebem um maior número de passageiros em relação às outras.

Série 7500
OPINIÃO DO ESTAÇÃO MOBILIDADE
No dia 4 de maio de 2021, início da operação do Serviço 710, o Estação Mobilidade fez uma viagem de avaliação na nova linha, visando tirar as próprias conclusões, e percebeu que, mesmo tratando-se de um serviço “novo”, não causou tantos equívocos como na operação de outros serviços implantados pela companhia. Pode-se, por exemplo, fazer uma comparação entre o Serviço 710 e o antigo Connect, da linha 13-Jade: um dos fatores que fez a CPTM descartar a parada no Brás no sentido de ida do Expresso Aeroporto, e que era um grande problema operacional do Coonect era o elevado número de pessoas que confundiam a linha 13 com a linha 11 e achavam que o trem ia para Estudantes e, quando se davam conta do erro, tinham de voltar para alguma estação de acesso à linha 11. Já o Serviço 710 teve um elevado número de casos deste tipo apenas na madrugada e na manhã do dia 4, ou seja, nas primeiras horas de contato dos passageiros com a nova opção de viagem tanto para o ABC Paulista como para Jundiaí, o que não é nada fora do comum em um primeiro dia de operação de uma linha resultante da junção de outras duas.
Além disso, vale listar alguns problemas estruturais da ferrovia, que já existiam nas linhas 7 e 10, e que, de forma direta ou indireta, comprometem a segurança operacional e a acessibilidade do ramal. Um exemplo disso é o fato das plataformas de algumas plataformas, como as da estação Prefeito Saladino, que fica em Santo André, possuírem certa diferença de altura em relação ao piso dos trens, sendo mais baixas que estes. Tal desnível pode resultar em acidentes, além de dificultar e tornar desconfortável o embarque e o desembarque de pessoas com mobilidade reduzida e cadeirantes.
Ademais, o Estação Mobilidade andou por toda a extensão das estações Prefeito Saladino, São Caetano do Sul-Pref. Walter Braido e Juventus-Mooca, e, em nenhum lugar destas paradas foi visto uma escada/esteira rolante ou rampa para o caso delas receberem algum passageiro que não possa acessar escadas convencionais. Uma solução possível para este problema, bem como para o outro, mencionado no parágrafo anterior, é a reforma ou reconstrução destas paradas, visando atualizá-las e torna-las mais acessíveis, o que vem sendo feito pela CPTM em suas linhas.
Por outro lado, um dos pontos positivos da linha são os locais por onde ela passa: seguindo o traçado original da EFSJ, a 710 obedece parada em estações que foram construídas pela São Paulo Railway Company e que mantém sua arquitetura original intacta, como Jundiaí, Jaraguá, Vila Clarice, Caieiras, Luz, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. O design dos prédios conta um pouco da história do estado de São Paulo e do quão acelerado foi seu desenvolvimento com a chegada das ferrovias. Além disso, o ramal corta áreas de mata preservada e, da janela do trem, é possível admirar e se encantar com a beleza e a perfeição da natureza.

Estação Rio Grande da Serra

Estação Jaraguá

Estação Jundiaí

Estação Caieiras

Estação Luz
Também, para quem quer conhecer municípios históricos do estado, mas não quer aguardar na longa lista de espera das linhas do expresso turístico, o ramal 710 é uma excelente opção, justamente por conectar Jundiaí, cidade bastante reconhecida por suas vinícolas e locais culturais, como o museu da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, a Rio Grande da Serra, de onde pode-se pegar um ônibus até Paranapiacaba, onde o que não falta é trem, museu, belíssimas paisagens naturais e lendas de terror dignas de virarem um filme do James Wan (#ficaasugestão). A linha também corta os bairros da Luz e do Brás, dois dos mais antigos bairros do centro de São Paulo, que abrigam belíssimas construções antigas que ainda servem como museus, escritórios, bancos, etc.
Os trens também são um outro ponto bem forte a favor da linha: Composta por alguns trens das séries 7000 e 7500, além de toda a série 9500, a frota do serviço principal da linha 710 é bem moderna, contando com ar-condicionado, sistemas avançados de segurança, além de desempenhar velocidades superiores aos trens da série 2100 que operavam anteriormente, o que diminui o tempo de viagem entre um terminal e outro.

Série 2100 (
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