Parabéns para você nesta data querida!
- Homero Rocha
- 3 de mar. de 2021
- 5 min de leitura

Na última segunda-feira (01/03/2021), o prédio atual da Estação da Luz, uma das construções mais icônicas de São Paulo, além de cartão-postal e uma das principais representações da história do estado, completou 120 anos de existência. Como homenagem a este importante aniversário, o Estação Mobilidade preparou este post, no qual você poderá conferir algumas curiosidades sobre a Estação da Luz e sua história.
1- O PRIMEIRO PRÉDIO
Por incrível que pareça, o suntuoso prédio que hoje vemos em frente ao Parque da Luz não foi a primeira “versão” da Estação. Na verdade, a primeira Estação da Luz, inaugurada em 1867 e mantida até o início da década de 1890, quando foi iniciada a construção da instalação atual, era muito mais humilde: uma casa pequena com apenas uma plataforma.

2- O SEGUNDO PRÉDIO
Pelo fato de a primeira estação ter sido projetada pequena, esta não conseguiu comportar o significativo aumento na demanda do transporte de passageiros e cargas entre as cidades de Santos, São Paulo e Jundiaí, o que obrigou a São Paulo Railway Company, empresa inglesa que administrava o trecho de trilhos Santos-Jundiaí, a investir na construção de um novo prédio, substituto do anterior. As obras do desenho feito pelo arquiteto inglês Charles Henry Driver foram iniciadas em 1890 e duraram 11 anos. No primeiro dia do mês de março de 1901, fora inaugurada a nova Estação da Luz.


Fotos da construção do atual prédio da Estação da Luz
3- LUZ, CÂMERA E AÇÃO!
Sim, a icônica “Inglesinha” já teve sua época de “celebridade da TV”. Baseada no livro de mesmo nome, de Maria José Dupre, a novela Éramos Seis, da Rede Globo, narrava a história de uma família paulistana de classe média baixa que viveu durante a época da São Paulo Railway. Ao longo da telenovela, é possível ver cenas gravadas dentro da própria Estação da Luz.

Foto da personagem Clotilde (Simone Spoladore) durante as gravações da telenovela Éramos Seis, em uma das pontes da Estação da Luz.
Além da novela, a estação também participou de uma edição especial do programa Globo Repórter sobre as ferrovias no Brasil. Ao longo da parte do documentário dedicada às ferrovias de São Paulo, é possível ver cenas dos trens atuais, pertencentes, assim como a Estação, à CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), entrando e saindo do local.
Além destas duas produções, o prédio da Estação da Luz, juntamente com o da parada Júlio Prestes, da linha 8-Diamante, foi cenário do clipe da música Sobre Trilhos. Esta música e este clipe são resultado de uma parceria entre a CPTM e o músico Clemente Nascimento, compositor da canção.
4- ESTAÇÃO LUZ COMO MUSEU

Fachada da Estação Luz, abrigo do Museu da Língua Portuguesa.
Além de ser uma peça de museu a céu aberto e que ainda serve ao seu propósito (transportar passageiros), a Estação da Luz também abriga, em seu interior, o famoso Museu da Língua Portuguesa, que foi inaugurado em 2006 e possui um acervo completo e rico que de obras e fatos que contam a história do idioma oficial do Brasil. O museu é excelente, porém, devido a um incêndio que o destruiu e também afetou parte da estrutura da Estação, foi fechado para receber trabalhos de restauração e tem reabertura prevista, segundo o site Agência Brasil, para o dia 17 de julho deste ano.

Foto aérea do incêndio que destruiu todo o Museu da Língua Portuguesa e parte da estação de trem.
5- JÁ FOI UM PONTO FINAL DA LINHA 8
Já que mencionamos a linha 8-Diamante no tópico anterior, por que não aproveitar e contar a parte dela na história da Estação da Luz? Pois bem, de acordo com uma publicação do site SP Sobre Trilhos em sua página oficial no Facebook, havia uma época em que os trens da hoje chamada série 5400, material rodante do ramal Júlio Prestes-Itapevi na época, tinham como destino ou origem a Estação da Luz. De acordo com a página, este cenário possivelmente ocorreu na década de 1980.

Trem da série 5400 (conhecido como "Fepasão") entrando na Estação Luz, com destino a Itapevi.
6- “BIG-BEN” PAULISTA
Não à toa, uma das mais fortes representantes da presença da pontualidade “britânica” na cultura brasileira é o relógio que fica no alto da torre principal da Estação da Luz. Devido ao grande tráfego de passageiros e cargas nas vias principais, áreas de manobra e nos pátios, achar formas de evitar colisões era algo crucial. A solução encontrada foi o controle do tempo, isto é, cada trem tinha um horário exato para partir e para chegar e, além disso, os ferroviários também tinham seus horários controlados, sofrendo punições caso não os cumprisse.
Diferentemente de hoje, que temos fácil acesso a tudo e a todos com apenas um simples toque em uma tela, na época, não era todo mundo que podia ter um relógio de bolso, pois era caro. A solução então adotada no mundo para que os operários das fábricas, fazendas e ferrovias que não tinham relógios pudessem controlar seu tempo foi instalar grandes relógios em estações de trem e em locais de destaque ou nos centros das cidades. Olhando tal cenário, a SPR (São Paulo Railway) optou por instalar um grande relógio na torre da estação.

O grande relógio da Estação da Luz é um dos mais conhecidos do Brasil.
7- EXTRA: O RAMAL SANTOS-JUNDIAÍ DA SÃO PAULO RAILWAY AINDA EXISTE E OPERA NA LUZ
Inaugurado em 1867, o ramal Santos-Jundiaí, que ficou, por muito tempo, sob tutela da SPR e, posteriormente, ficou conhecido por EFSJ (Estrada de Ferro Santos-Jundiaí), passava por regiões como Botujuru, Jaraguá, Vila Clarice, Brás, Mooca, o ABCD paulista, Rio Grande da Serra e Paranapiacaba, além do próprio bairro da Luz, até chegar ao porto de Santos.

Este desenho retrata uma das pontes do antigo sistema funicular, que transportava vagões e carros de passageiro entre Paranapiacaba e a Baixada Santista. Este funicular é uma das mais icônicas obras de engenharia existentes, pois foi projetada e construída para superar as adversidades da Serra do Mar, principalmente o fato desta ser muito íngreme.

Foto de duas unidades do Locobreque em manutenção. O Locobreque era usado para a travessia do sistema funicular.
Criado para o transporte de cargas, principalmente o café, além de passageiros de e para as fazendas paulistas, o ramal, hoje, ainda bem serve ao seu propósito, porém com uma organização bem diferente da original: enquanto, na época da SPR, os serviços de transporte de carga e de passageiros eram administrados por uma única empresa proprietária do ramal, hoje, os trilhos pertencem ao governo do estado através da CPTM, e estes mesmos serviços são administrados de forma separada. Hoje, o transporte de passageiros fica a cargo da CPTM e é feito entre Jundiaí e Rio Grande da Serra (antes ia até Paranapiacaba), enquanto o transporte de cargas é de responsabilidade da MRS (Malha Regional Sudeste) e é feito no trecho completo, desde Jundiaí até Santos.

Trem da MRS (Malha Regional Sudeste) no início do sistema de cremalheira, prestes a iniciar a descida da Serra do Mar. A cremalheira foi inaugurada em 1960 e substituiu o já obsoleto funicular.
Voltando um pouco à CPTM, o trecho por onde passa o transporte de passageiros é dividido em três linhas: 7- Rubi, que vai de Jundiaí até o Brás e linha 10-Turquesa, que parte do Brás e continua o trajeto até Rio Grande da Serra, além do serviço Expresso Linha 10 +, que parte da Luz, indo até Rio Grande da Serra.

Trens na estação Tamanduateí da linha 10-Turquesa, situada no bairro de mesmo nome, um dos locais por onde passava a antiga EFSJ.

Algumas estações da linha 7-Rubi, como Jaraguá, Vila Clarice e Brás, além da Estação Luz, mantém sua arquitetura original. No caso da estação Brás, a estrutura original acabou sendo "ofuscada" pelas expansões que a parada sofreu.

Comments