De onde veio a linha 11-Coral da CPTM?
- Homero Rocha
- 24 de nov. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 6 de out. de 2021
Bastante conhecida São Paulo afora, a linha 11-Coral da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) é a mais movimentada da malha de mais de 270km pertencente à empresa, além de ser um dos ramais de trilhos mais movimentados do mundo. Porém, do elevado número de pessoas que usam o ramal Luz-Estudantes diariamente, poucos são aqueles que se permitem prestar atenção na vasta história que aqueles trilhos têm a nos contar. Quer saber mais, então continue lendo!

Presentes na frota da CPTM desde 2016, os trens da série 8500 (FOTO) por muito tempo operaram exclusivamente na linha 11. Hoje, já se pode encontrar unidades desta série rodando em outras linhas, como a *-Diamante e o Serviço 710, mas ainda assim a linha 11 possui a maioria dos exemplares. (FOTO: Estação Mobilidade)
1- Início da linha 11
O primeiro trecho inaugurado da linha que até hoje recebe passageiros, foi entre Guaianazes e Mogi das Cruzes, aberto em 1869. Ele foi nomeado como Estrada de Ferro do Norte, e era uma ligação ferroviária entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro que transportava, principalmente, café e passageiros.

Foto da antiga estação Cachoeira Paulista, ponto de conexão entre a EFCB e a Estrada de Ferro do Norte. Eram duas ferrovias ao invés de uma devido à diferença entre as bitolas dos trilhos. (FOTO: Fernando Picarelli)
Em 1890, a Estrada de Ferro do Norte foi finalmente incorporada à então chamada EFCB (Estrada de Ferro Central do Brasil), o que deu origem à conexão entre vias que até hoje recebe trens, sendo que passageiros seguem apenas de São Paulo até Mogi das Cruzes. Atualmente, a parte do ramal original após esta cidade recebe apenas carga, e pertence à empresa privada administradora da Malha Regional Sudeste (entende agora o porquê de "MRS Logística") da antiga RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A).

Antiga estação Poá do século XIX.
No início do século XX, ainda sob administração da EFCB, iniciou-se a prestação de serviços de trem regular do centro de São Paulo até a região da Penha (Não se engane, pois ainda não é nem o expresso leste, nem a linha 3-vermelha, ok?!) e, posteriormente, até Mogi das Cruzes. Porém, o trecho só foi eletrificado como o conhecemos na década de 1950 e o início da operação com esse novo tipo de alimentação energética foi feito com TUE's (Trens Unidade Elétricos) já desgastados.
Em 1975, o ramal passa à administração da RFFSA. No ano seguinte, devido à necessidade de atendimento aos alunos da UMC (Universidade de Mogi das Cruzes), é inaugurada a Estação Estudantes, que foi nomeada ponto final da linha de trens urbanos Brás-Mogi, e até hoje exerce essa função.
Em 1984, a linha foi passada à CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos, que existe até hoje e opera linhas de metrô e VLT, Como o Metrô BH em Belo Horizonte e o MetroRec em Recife, mas nada em São Paulo), companhia na qual o ramal foi chamado de Linha Tronco, já contemplando estações até hoje operantes como Estudantes, Suzano, Jundiapeba e Calmon Viana, por exemplo.

Trem na antiga estação Engenheiro Gualberto, cujos escombros ainda podem ser vistos por quem usa a linha 11.
Em 1994, o ramal foi passado à CPTM. Sob posse da então nova empresa estatal, a linha passou a se chamar "Linha E - Laranja" até que, em 2008, recebeu a denominação atual: Linha 11 - Coral.
2- Mas como surgiu o expresso leste?
Carma que eu vou contar isso agora! Kkkk!
Em 1987, o então governador Orestes Quércia (PMDB) anunciou a linha 6 -laranja do Metrô (Pois é, este nome não é tão novo quanto parece!) que, a bem da verdade, era uma "extensão" da linha 3-vermelha até Guaianazes. Contudo, o anúncio do novo projeto, apesar de positivo para a população, foi imprudente e de cunho meramente eleitoreiro.
O Metrô havia paralizado os estudos do projeto da linha antes mesmo de seu anúncio pelo então governador devido a análises feitas pela companhia. Tais análises afirmavam que a concretização da nova linha causaria uma superlotação e, consequentemente, um colapso no sistema. Porém, mesmo com os números apresentados pelo Metrô contraindicando a construção da nova linha, o governador Quércia anunciou o projeto.
Em 1987 foram iniciadas as obras da nova linha, que tiveram de ser parcialmente interrompidas e foram retomadas somente em 1988. Durante a gestão Fleury, as obras foram totalmente paralizadas devido a um endividamento sofrido pela Companhia do Metrô de São Paulo com este e outros projetos. Isso pois, devido às paralizações e a outros problemas, a companhia não mais conseguiu contrair empréstimos para o custeamento dos trabalhos.
Já durante a gestão Mário Covas, a CPTM conseguiu contrair empréstimos suficientes com o BNDES para concluir a obra. A empresa assim o fez, assumindo a linha e desativando as estações do antigo trecho entre Tatuapé e o centro de Itaquera, como Arthur Alvim, Engenheiro Gualberto, Clemente Falcão, entre outras, que deram lugar à Radial Leste. Em 27 de maio de 2000, a CPTM finalmente inaugurou o Expresso Leste, levando a linha 11- Coral até a lendária estação da Luz.
Em 2019, a CPTM alcançou outro marco importante na história da linha, a eliminação da baldeação em Guaianazes, unificando as duas partes da linha em uma única, reduzindo, assim, o tempo de viagem entre as duas pontas (Luz e Estudantes).
Gostou? Agora, eu duvido que você, ao passar pela linha, não ficar admirado com quanto tempo de existência ela tem e quanta água já passou por baixo dessa ponte! Kkkkk! Um beijão e um abração a todos vocês!
VENHA SER UM MOBIMEMBRO!!!!!
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